Oração de Jesus - ABBA CHURCH MARLBORO

Oração de Jesus

Postado: Magda Lima
09/03/2025
O Ano da Multiplicação
Oração de Jesus

"Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente." (Mateus 6:6)

   A oração talvez seja um dos princípios mais essenciais e profundos da nossa relação com Deus. Ela é mais do que palavras ditas, é consciência, é entrega, é identidade revelada. Quando lemos Mateus 6:6, somos convidados por Jesus a um lugar secreto, íntimo, onde o relacionamento com o Pai se torna real, onde o coração fala mais alto que os lábios, e a alma encontra descanso.

   Jesus nos ensina a orar. Ele nos mostra que orar não é apenas falar com Deus, mas permitir que Deus fale conosco. Não é um monólogo apressado, mas uma conversa viva, com escuta, silêncio, presença e transformação. E, antes de nos entregar o modelo da oração do Pai Nosso, Ele faz uma separação importante sobre o que não é oração.

Nem toda conversa com Deus é oração

   Muitas vezes, acreditamos que todo tipo de conversa com Deus já é, automaticamente, uma oração. Mas a verdade é que nem sempre é assim. Às vezes o que fazemos é súplica, outras vezes é petição, e outras é só desespero.

    O apóstolo Paulo nos ajuda a entender isso quando diz: “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes, em tudo, sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças.” (Filipenses 4:6)
   Perceba como ele separa oração, súplica e ação de graças. Isso nos mostra que a verdadeira oração não é apenas um pedido feito por necessidade, mas uma expressão de fé, de comunhão, de reconhecimento.
   Mais adiante, Paulo também diz: “Orai sem cessar.” (1 Tessalonicenses 5:17) Isso não significa estar de joelhos o tempo todo, mas viver em estado de oração, com consciência contínua da presença de Deus.
    A oração é, antes de tudo, uma consciência. Ela revela o quanto o nosso entendimento foi transformado. E quanto mais entendemos, mais oramos com profundidade. A oração é uma resposta à revelação de quem Deus é e de quem nós somos n’Ele.

Três tipos de oração
   Existem três maneiras principais de como as pessoas se aproximam de Deus em oração, e Jesus trata de cada uma delas: o ignorante, o religioso e o filho.

1. O ignorante ora por instinto
   A Bíblia diz que Deus colocou a eternidade no coração do homem: “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs a eternidade no coração do homem.” (Eclesiastes 3:11)
   Todo ser humano, consciente ou não, carrega dentro de si essa necessidade de Deus. É natural, instintivo. Mesmo sem saber quem Ele é, mesmo dando a Ele nomes diferentes, existe um clamor na alma humana.
   Esse tipo de oração nasce da carência, da dor, do desespero. Ela é sincera, é real, mas ainda não é madura. É uma busca por suprimento, não por relacionamento.

2. O religioso ora por intuição
    Jesus denuncia essa postura dos fariseus. Eles oravam não por necessidade, mas por merecimento. A oração deles estava contaminada por performance e barganha. Não era sobre se entregar, mas sobre tentar impressionar a Deus ou cobrar d’Ele o que achavam merecer.
   A oração do religioso é cheia de palavras bonitas, mas vazias de entrega. Ela tenta manipular Deus, como se Ele tivesse alguma dívida conosco.
   “Quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens...” (Mateus 6:5)

3. O filho ora por identidade
   E é nesse ponto que Jesus muda tudo. Ele não nos ensina a orar como quem suplica, nem como quem negocia, mas como filhos. Ele nos apresenta ao Pai. Um Pai que ouve, que ama, que conhece, que responde.
   Paulo disse: “Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo.” (Gálatas 4:1)
   Enquanto não entendemos quem somos, oramos como servos, como escravos. Mas quando o Espírito Santo transforma o nosso entendimento, passamos a orar como filhos amados, herdeiros da promessa, conscientes de que já recebemos tudo n’Ele.
   Jesus disse: “Eu enviarei o Espírito da Verdade... Ele vos ensinará todas as coisas.” (João 14:26) É o Espírito que nos ensina a orar, não mais por instinto ou intuição, mas por revelação. O religioso parou na experiência, mas o filho cresce em graça e conhecimento.
“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2 Pedro 3:18)

A oração do Pai Nosso: consciência de filho
    A oração que Jesus nos ensina não é uma lista de necessidades, mas uma declaração de identidade. É o reconhecimento de quem somos e de quem Ele é. Vamos juntos refletir sobre cada parte dessa oração tão poderosa?
   “Pai nosso que estás nos céus…” Ele é nosso Pai, não apenas meu. Isso nos insere numa família espiritual. Ele é Pai e não apenas juiz. A oração começa com pertencimento.
   “Santificado seja o teu nome…” Não é apenas um pedido, é um compromisso. Viver de forma que a santidade de Deus seja vista através de nós. A nossa vida exalta o Seu nome.
   “Venha o teu Reino…” Orar por isso é assumir o compromisso de sermos canais desse Reino aqui na terra. Amor, justiça, paz e verdade precisam se manifestar em nós.
   “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu…” É um chamado à obediência. Não oramos apenas por vontade divina, mas nos colocamos como cooperadores dela. Viver a vontade de Deus é viver em liberdade.
   “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje…” Aqui, Jesus nos ensina a confiar na provisão diária. E mais: nos ensina a compartilhar. Porque o pão não é meu, é nosso. E quem recebe, se torna responsável por repartir.
    “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores…” Quem foi perdoado, perdoa. A oração de um filho perdoado é cheia de misericórdia, porque entende o valor da graça.
   “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal…” Não é apenas livramento, é consciência. O filho sabe onde estão as armadilhas e escolhe se afastar delas. Ele não vive em repetição de erros, mas em transformação.
    “Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém.” Tudo pertence a Ele. Tudo vem d’Ele. Não buscamos nossa própria glória. Vivemos para refletir a d’Ele.

O pão é nosso: responsabilidade e missão
    Quando entendemos a oração como Jesus ensinou, percebemos que o que recebemos de Deus não é só para desfrutar. É para compartilhar, para administrar com sabedoria e amor.
    Se Ele me entregou o pão, é porque Ele confia que eu saberei repartir. Se Ele me perdoou, é porque Ele espera que eu perdoe também. Se Ele me livra da tentação, é para que eu também ajude outros a se manterem firmes.
    Orar é assumir a responsabilidade de quem já recebeu algo. Não é orar porque falta, é orar porque já fomos abençoados e agora somos parte da resposta para o mundo.
    Orar é viver como igreja. É viver como corpo. É ter consciência do Reino.

Conclusão: Oração é vida de filho
    A grande virada de Jesus ao ensinar sobre a oração foi essa: tirar o foco da necessidade e colocar o foco na identidade. Ele nos tirou da postura de mendigos espirituais e nos colocou como filhos diante do Pai.
   Então, como saber se minha vida de oração evoluiu? Quando eu oro o Pai Nosso e entendo cada palavra como verdade da minha vida. Quando compartilho o pão, o perdão e a presença. Quando oro não para pedir o que me falta, mas para viver o que já recebi.
    Orar é respirar o céu em meio à terra. É viver em comunhão com o Pai. É administrar o pão, o perdão, o Reino. É entender que já somos abençoados, amados, perdoados e enviados.

Não oramos como ignorantes.
Não oramos como religiosos.
Oramos como filhos.


   E filhos confiam. Filhos escutam. Filhos obedecem. Filhos vivem no secreto… e brilham em público. Que a sua vida de oração seja a expressão da sua identidade de filho(a). Que cada palavra dita ao Pai seja revestida de consciência, amor, fé e entrega. Que você ore como Jesus orou, viva como Jesus viveu e manifeste o Reino com sua vida.

Deus abençoe sua vida sua casa e sua família
Magda Lima
Abba Church Marlboro  

(Texto baseado na Ministração do Pr. Benhour Lopes, Quarta da Palavra, 9 de março de 2025)