CONFIE NO CARÁTER DE DEUS

Baseado em Êxodo 14:1-14
Algumas vezes, Deus vai nos pedir para fazer justamente o contrário do que esperamos. Quando tudo aponta para a necessidade de avançar, Ele pode nos pedir que voltemos. Quando tudo dentro de nós grita por pressa, Ele pode nos conduzir a um lugar de espera. Quando tudo parece estar desabando, Ele nos chama para confiar.
É isso que vemos em Êxodo 14:1-14, quando Deus, em meio à fuga dos israelitas do Egito, dá uma ordem aparentemente sem sentido: “Diga aos israelitas que voltem e acampem...” (Êxodo 14:2).
Voltar? Como assim voltar, Senhor? Não era hora de correr? De fugir o mais rápido possível? O exército de Faraó vinha logo atrás!
Mas Deus os mandou parar e acampar. Não em qualquer lugar, mas em Pi-Hairote, diante de Baal-Zefom. Uma posição estratégica, mesmo que parecesse vulnerável. Aquela mudança de direção tinha um propósito eterno: mostrar o poder de Deus e fortalecer a fé do povo.
Vamos caminhar juntos por esse trecho e aprender com ele. Porque em muitos momentos da vida, nos veremos exatamente como o povo de Israel: entre o medo e a coragem, entre o passado que já conhecemos e o futuro que ainda não conseguimos enxergar. E, nesses momentos, confiar no caráter de Deus será o nosso maior desafio e também a nossa maior vitória.
1. Deus guia os passos do Seu povo – mesmo quando parece confuso.
“Diga aos israelitas que voltem e acampem…” (Êxodo 14:2)
Essa ordem nos ensina que cada passo, cada parada, cada reviravolta é cuidadosamente dirigida por Deus. O que parece confuso para nós, não é confuso para Ele. O que parece vulnerável aos nossos olhos, é uma estratégia segura aos olhos do Pai.
Deus diz: volte, pare, acampe. Parece contraintuitivo, mas é preciso lembrar: Deus não se perde nos caminhos. Ele guia com precisão.
2. Pi-Hairote significa “lugar de paz”
Mesmo em meio à tensão e ao medo, Deus os leva a um lugar chamado “paz”. No versículo 4, Ele declara que endurecerá o coração de Faraó, mas que será glorificado.
A lição aqui é clara: a movimentação de Deus, por mais estranha que pareça, sempre nos levará à paz. Mesmo quando há guerra ao redor, mesmo quando Faraó está vindo em sua direção, o lugar de paz está onde Deus está.
Ele nunca perde o controle.
3. Entre o medo e a coragem
Os israelitas estavam entre Migdol e o mar. Exatamente no meio. E o meio sempre será o lugar mais difícil.
No meio, a gente já sabe o que ficou para trás, mas não tem ideia do que está por vir. O passado é familiar, o futuro é incerto. E nesse ponto exato, somos testados, desafiados e provados.
A tentação de retroceder parece mais fácil. Afinal, pelo menos sabemos o que nos espera. O Egito era ruim, mas era conhecido.
Mas voltar ao passado não é mais possível. As ferramentas de ontem não funcionam mais hoje.
Lembra de Noé? Durante 120 anos, ele construiu a arca. Era tudo o que ele sabia fazer. Mas depois do dilúvio, não havia mais arca para construir. Era hora de mudar a ferramenta: o martelo foi substituído pela enxada. De construtor virou agricultor. Plantou uma vinha, e se perdeu nela.
Isso nos ensina que cada estação exige uma nova ferramenta. E cada nova ferramenta requer preparo, aprendizado e dependência de Deus.
4. A expectativa do milagre só faz sentido para quem permanece no meio
Nos versículos 10 a 12, vemos o medo do povo ao ver o exército egípcio se aproximando. Eles entraram em pânico, questionaram Moisés, duvidaram do propósito de Deus.
Mas Moisés sabia: “Não tenham medo. Fiquem firmes e vejam o livramento que o Senhor lhes trará hoje... O Senhor lutará por vocês; acalmem-se!” (Êxodo 14:13-14)
Se os israelitas tivessem voltado ao Egito, não precisariam de um milagre. Voltariam à escravidão. Mas foi ao permanecerem no meio, entre o medo e a coragem, que a única saída passou a ser o sobrenatural.
É nesse lugar que a fé cresce.
É nesse lugar que o mar se abre.
É nesse lugar que Deus mostra quem Ele é.
Se você está em um lugar onde sua única saída é um milagre, então você está exatamente onde Deus quer que você esteja.
5. O “retrocesso” era a estratégia divina para um avanço maior
O povo viu aquele comando de Deus como um erro, como um atraso. Mas Deus via como uma reorganização estratégica.
A perspectiva humana vê perigo. Mas a perspectiva divina vê libertação. Eles pensavam que estavam regredindo, mas Deus os estava reposicionando para encerrar um ciclo de opressão. Voltar, naquele contexto, não era retroceder, mas alinhar-se ao plano do céu.
“A estratégia de Deus pode parecer um passo para trás, mas é preparação para o próximo grande avanço.” Voltar por obediência não é perder terreno — é ganhar posição.
6. Entre o medo e a coragem, escolhemos a dependência
No versículo 10, o povo se desespera. Mas Moisés ensina: “Acalmem-se. O Senhor lutará por vocês.” A dependência verdadeira começa quando o nosso controle acaba.
Não é inatividade. É confiança ativa. Eles tiveram que aprender que não estavam mais lutando com suas forças.
A nossa luta hoje é a mesma: aprender a esperar. Aprender que quando não há mais o que fazer, ainda há o que confiar.
“Dependência não é inatividade, mas confiança ativa. O Senhor peleja por nós.”
7. De escravos a filhos: a transformação da mentalidade
“Uma vez como escravos só buscamos o nosso direito, mas como filhos temos a consciência da nossa responsabilidade.” O povo estava acostumado à escravidão. Tinham medo, dúvida, ansiedade.
Mas Deus queria transformá-los em filhos — que confiam, que descansam, que sabem que o Pai está cuidando.
Escravos reagem. Filhos confiam.
Escravos gritam. Filhos ouvem.
Escravos vivem com medo de perder. Filhos descansam no amor do Pai.
8. Deixe de lado a pré-ocupação e ocupe o lugar certo: o da confiança
Moisés não pediu que o povo se desesperasse, mas que se posicionassem. Pré-ocupar-se é tentar prever o que não se pode controlar.
Mas ocupar-se é estar exatamente onde Deus mandou, fazendo o que Ele pediu. A ansiedade nasce da tentativa de viver o amanhã com a força de hoje. Mas a confiança nasce da certeza de que Deus está presente agora.
“Quando Deus nos manda parar, não é inatividade. É um posicionamento estratégico.” “O Senhor lutará por vocês; acalmem-se” (Êxodo 14:14).
9. Nem tudo o que chamamos de necessidade vem de um lugar de amor
Nem sempre aquilo que chamamos de necessidade, direito ou desejo está de fato alinhado ao coração de Deus. Muitas vezes, estamos apenas reagindo ao que achamos que nos falta.
Mas o nosso Pai não quer nos dar apenas o que desejamos.
Ele quer nos formar.
Ele quer nos amadurecer.
Ele quer nos ensinar a confiar no Seu caráter.
Os israelitas achavam que a única saída era voltar.
Mas Deus os queria em um lugar mais profundo.
Não um lugar de controle, mas de confiança.
Não um lugar de escravidão, mas de intimidade.
Conclusão: Deus está no controle. Confie no caráter Dele.
Talvez hoje você esteja entre o medo e a coragem. Talvez tudo dentro de você diga que é hora de correr, mas Deus te peça para parar. Talvez Ele esteja te levando para Pi-Hairote, para o lugar de paz, mesmo enquanto Faraó se aproxima. E talvez o mar ainda não tenha se aberto.
Mas se você está no lugar onde Deus mandou estar…
… então você está seguro.
Porque o mar vai se abrir.
Porque o exército vai parar.
Porque a glória de Deus vai se manifestar.
Mas, antes do milagre, vem a firmeza.
Antes da vitória, vem a confiança.
Antes da travessia, vem o aprendizado.
“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento.” (Provérbios 3:5)
Deus é bom.
Deus é fiel.
Deus é confiável.
Não confie nas circunstâncias.
Não confie nas suas emoções.
Confie no caráter de Deus.
Ele está te ensinando a depender.
Está te formando como filho.
Está te preparando para algo maior.
Confie. O mar vai se abrir.
Deus abençoe sua vida sua casa e sua família
Magda Lima
Abba Church Marlboro
(Texto baseado na Ministração do Pr. Benhour Lopes, Quarta da Palavra, 19 de Fevereiro de 2025)