Em Memória de mim
FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM
(Baseado em 1 Coríntios 11:23-24 e reflexões sobre a Ceia do Senhor)
A Ceia do Senhor é mais do que um rito religioso; é um momento de profunda conexão espiritual e memória. Quando Jesus instituiu este sacramento, Ele não apenas ordenou: "Fazei isto em memória de mim." Ele nos convidou a experimentar e viver o poder transformador daquele instante.
A Noite em Que Tudo Começou
Paulo, ao escrever aos coríntios, relembra que Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, partiu e deu graças. Ele sabia que aquela não era uma noite comum. Era noite — um tempo de escuridão e incertezas, simbolizando os momentos mais difíceis da vida.
A noite, como descrita no Salmo 139:11-12, é onde frequentemente sentimos o peso do desconhecido. Contudo, o salmista afirma que mesmo as trevas não são escuras para Deus. Para quem confia n’Ele, há uma luz eterna que brilha no meio da escuridão.
Jesus, na ceia, nos ensina a abraçar a eternidade. Ele nos lembra que, mesmo nas noites mais sombrias do casamento, do trabalho, da família ou da saúde, temos algo maior do que o amanhã: temos Ele hoje. Essa confiança na eternidade é o que nos capacita a enfrentar as noites com fé, sabendo que o propósito de Deus não falha.
Traição: Um Lugar de Dor e Redenção
A profundidade daquela noite não era marcada apenas pela escuridão, mas pela traição. Jesus sabia que Judas o trairia, mas o surpreendente é que Ele partiu o pão com ele à mesa. Mais do que isso, todos os discípulos acabaram traindo Jesus de alguma forma.
Mateus 26:31 relembra as palavras de Jesus: "Todos vocês vão me abandonar." Apesar disso, Ele sabia que seu Pai celestial não o deixaria só. Aqui está uma lição crucial: a traição, inevitavelmente, cruzará nosso caminho, mas a redenção é possível para aqueles que se arrependem.
Quantas vezes nos sentimos magoados porque fomos traídos, mas esquecemos que também traímos? Não com atos de infidelidade explícita, mas com amarguras, promessas quebradas, expectativas irreais e culpas injustas. Até mesmo Pedro, que prometeu nunca abandonar Jesus, negou-o três vezes. Contudo, sua história não termina na culpa, mas na reconciliação.
O Poder do Pão Partilhado
A resposta de Jesus à traição não foi isolamento, mas comunhão. Na noite em que foi traído, Ele partiu o pão e o ofereceu. Ele não comeu o pão sozinho, pois sabia que "um pão comido às escondidas faz envelhecer os ossos" (Provérbios 9:17-18).
Quando o diabo tentou Jesus no deserto, oferecendo-lhe pão, Jesus recusou. Não porque o pão fosse em si mau, mas porque Ele estava sozinho. Jesus sabia que o pão só faz sentido quando compartilhado. Mais tarde, Ele expressaria esse desejo aos discípulos: "Tenho desejado ardentemente comer este pão com vocês" (Lucas 22:15).
A traição é, muitas vezes, simbolizada por comer o pão sozinho — agir sem pensar no outro, viver para si mesmo. Mas a Ceia nos lembra que a verdadeira comunhão ocorre quando compartilhamos, mesmo em meio às feridas.
Reflexões para Hoje: Qual é a sua Noite?
Todos enfrentamos noites de escuridão. Qual é a sua?
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Talvez você esteja vivendo uma noite de crise no casamento, marcada por desencontros e mágoas.
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Talvez a noite seja na sua empresa, com incertezas financeiras.
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Talvez seja em sua família, com conflitos que parecem não ter solução.
Jesus nos ensina a não fugir da noite, mas a enfrentá-la com a luz da eternidade. Ele nos convida a olhar além da traição, a buscar o arrependimento, e a nunca desistir da redenção.
Quando partimos o pão, somos chamados a lembrar não apenas do sacrifício de Cristo, mas de sua vitória sobre a dor, o abandono e a traição. A mesa da Ceia do Senhor é um lugar de traidores que se arrependem, de feridos que são curados e de noites que se tornam manhãs.
A Cultura da Mesa: Um Chamado à Comunhão
A cultura da mesa que Jesus estabeleceu é um chamado à unidade, mesmo em meio à imperfeição. Ela nos ensina a perdoar, compartilhar e olhar para o outro com misericórdia.
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Você já se sentiu sozinho, mesmo cercado por pessoas? Jesus também sentiu isso.
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Você já foi ferido por alguém que amava? Jesus também foi.
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Você já se decepcionou consigo mesmo? Pedro também passou por isso.
Mas Jesus não deixou que essas dores definissem sua missão. Ele continuou amando, perdoando e restaurando. A Ceia do Senhor nos lembra que a comunhão é mais forte que a traição, e a luz da eternidade é mais poderosa que a escuridão da noite.
Conclusão: Faça Isso em Memória Dele
Ao participar da Ceia do Senhor, você não está apenas cumprindo um rito; está mantendo viva a memória de Cristo. Está declarando que, mesmo nas noites mais escuras, você crê na luz eterna. Está afirmando que o perdão é maior que a traição e que a comunhão é o propósito final.
Qual é a sua noite hoje? Que ferida você precisa entregar a Deus?
Ao partirmos o pão e bebermos o cálice, lembramos que a mesa é um lugar de cura, redenção e esperança. É onde traidores se arrependem e onde a luz da eternidade brilha mais forte.
“Fazei isto em memória de mim.” Que estas palavras nos lembrem, todos os dias, do poder transformador da comunhão com Cristo e uns com os outros.
Deus abençoe sua vida, sua casa e sua família!
Magda Lima
Abba Church Marlboro
(texto adaptado da ministração do Pr. Benhour Lopes, Domingo, 1 de Dezembro de 2024)