Voluntariado e Propósito - Abba Church Marlboro

Voluntariado e Propósito

Postado: Magda Lima
15/05/2024
Ano da Consolidação
Voluntariado e Propósito

   Paulo é simples e direto: aqueles que vivem segundo a carne têm a mente voltada para o que a carne deseja, enquanto aqueles que vivem de acordo com o Espírito têm a mente voltada para o que o Espírito deseja (Romanos 8:1-17). Nossa vida espiritual deve refletir os desejos do Espírito Santo, manifestando a salvação de Deus no presente.

   Hoje, agora, neste momento, como você traduz sua vida espiritual? Como você demonstra seu esforço espiritual? Como você se faz entendido na sua fé e na sua relação com Deus? Para muitos, uma vida espiritual se traduz na capacidade ou habilidade de orar, ler a Bíblia e jejuar. Mas vamos refletir mais profundamente:

   Quando você ora, sua oração é para que Deus lhe dê tudo o que você realmente precisa e deseja, ou é para que você seja aquilo que Deus te criou para ser? Você ora para ter a igreja que você merece, ou para ser o membro que sua família espiritual precisa? Você ora para ter a pessoa que você merece, ou para ser a pessoa que alguém merece?

   A igreja mais incrível na Bíblia nasceu no Éden, com apenas dois membros e Deus como pastor. Mesmo assim, não deu certo. Por que seria tão fácil hoje? Se onde você está não é o que te agrada, você se torna parte da solução, aumentando sua responsabilidade e pertencimento, ou procura um lugar religiosamente mais conveniente?

   Se a igreja onde você congrega oferece tudo o que você acha que uma igreja deve oferecer, você fica e serve? Ou decide não servir e nem pertencer? Vamos mudar um pouco: coisas simples... Quando você se senta à mesa, sozinho ou com sua família, você dá graças pela comida que vai comer ou pela oportunidade de servir alguém à mesa antes de comer?

   Servir, segundo Jesus, é ser um cordeiro na mesa! Até então, todos precisavam de um Salvador, mas ninguém tinha o Espírito Santo para mostrar quem Ele era. O Espírito Santo não veio para que finalmente quiséssemos um Salvador, mas para que finalmente pudéssemos ouvir a voz do Salvador e cumprir a vontade de Deus Pai. O propósito final da salvação não era apenas nos salvar, mas restaurar o culto e nos devolver ao propósito eterno de Deus (Apocalipse 5:8-13).

   Deus nos gerou no ambiente da eternidade para sermos uma expressão de Sua virtude. Nós não nos reunimos como igreja apenas para celebrar a salvação, mas para, através do amor, serviço e adoração, nos encontrarmos com o propósito de Deus. O grande desapontamento nos dias de Jesus foi que Ele não era o Salvador que cada um queria que Ele fosse, pois cada um tinha um entendimento próprio de Salvador, influenciado por conveniências ou religiosidades.

   A igreja não é uma comunidade onde cada um defende seu próprio entendimento de salvação. Como eu sei disso? Pela dificuldade de relacionamento. A falta de amor, serviço e adoração genuína é, na verdade, uma dificuldade de relacionamento. Pessoas ainda disputam, tentando definir em seu entendimento quem é verdadeiramente salvo ou não. 

   Paulo diz: "Quem vive segundo a carne vai satisfazer os desejos da carne; a mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz. A mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à vontade de Deus e nem pode agradar a Deus." (Romanos 8:5-8).

   A intenção da carne é a autopreservação. Mas Jesus diz: "Aquele que perder a sua vida por amor a mim, achá-la-á" (Mateus 16:25). Todo aquele que é nascido de Deus é gerado de novo pelo Espírito Santo. Se estamos servindo na casa de Deus porque fomos gerados pelo Espírito, tudo o que somos e fazemos produz salvação. Mas se o que fazemos no serviço se limita a atender uma necessidade sem propósito, não produzimos salvação, pois não estamos transformando o ambiente.

   Tudo o que fazemos deve ser fruto de gratidão e propósito, não apenas de nossa expectativa. Quando alguém serve apenas segundo sua competência, em algum momento cobrará direitos, pois nunca assumiu de fato o compromisso de pertencimento, seja com a igreja local, sua família ou companhia.

   Conhecemos empregados que trabalham apenas pelo salário, sem melhorar o ambiente onde trabalham. Depois, reclamam que o trabalho é ruim, que as horas são poucas, ou algo assim. Não foram capazes de melhorar sequer o espaço onde trabalhavam. Colossenses 3:22-24 nos instrui: "Servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis."

   Aqueles que servem por necessidade de afirmação ou visibilidade, pelo braço da carne sem produzir salvação, em algum momento exigirão seus direitos. Isso acontece porque nunca assumiram compromisso com o lugar onde servem. Pessoas que servem apenas pela carne têm compromisso consigo mesmas; quando algo não funciona para elas, elas deixam o lugar, procurando onde serão melhor reconhecidas.

   É aqui que muitos sofrem no processo de amar, servir e adorar. Sofrem porque estão vivendo o evangelho segundo seu próprio entendimento. O evangelho do nosso próprio entendimento nos leva a um nível de serviço, achando que nossa competência, capacidade e desempenho devem ser recompensados por Deus. Simplesmente, nossa relação de amor e salvação com Deus não será suficiente para amar, servir e adorar se exigimos recompensa.

   Deus sequer se revela no ambiente onde as pessoas vivem segundo seu próprio entendimento de salvação. Deus nunca desejou ser entendido ou reconhecido; Ele fez tudo para ser conhecido como Pai. O conhecimento de Deus sem a paternidade gera disputa de devotos, pois cada um acha que sabe mais de Deus do que o outro. Nos dias de Jesus, todos esperavam um Salvador particular. Mas quando o conhecimento de Deus produz o efeito de "Pai Nosso", amamos e servimos como irmãos, filhos do mesmo Pai, e não como devotos de um Deus personalizado.

   Quando evangelizamos e servimos as pessoas, sejam elas quem forem (pecadores, drogados, prostitutas, homossexuais, etc.), devemos tratá-las como irmãos, amando como filhos de um mesmo Pai. A revelação final de Deus é: Pai Nosso! Amar, servir e adorar é dizer ao outro: "Você sabia que somos irmãos, filhos do mesmo Pai?" Isso é evangelizar!

   Você não pergunta: "Quer aceitar seu Pai?" Você pergunta: "Você conhece seu Pai?" Aqui está o erro da religião: falar de Deus para que as pessoas primeiro se convertam à religião e, então, mereçam ser tratadas como irmãos. A ideia é conhecer Deus como Pai e tratá-los como irmãos, mostrando que somos filhos amados do Pai através do amor, serviço e adoração.

   Não adianta querer que seu filho conheça Deus Pai se dentro de casa ele percebe que, do jeito que se vive, é como se ninguém O conhecesse. Isso também vale para fora, no dia a dia. Amar, servir e adorar não é sobre vir aqui para falar com Deus sobre o que está faltando, mas para conversar com Deus e saber qual é a Sua vontade, derramando sobre as pessoas a salvação.

   Quem vive de expectativas na sua relação com Deus está, de alguma forma, tentando compensar algo do passado. Pior ainda é alguém tentando recompensar os acertos do passado, exigindo privilégios. Todo serviço é um cordeiro oferecido na mesa. Jesus disse: "Tomai, comei..." (Lucas 22:14-22).

   A salvação pelo poder da comunhão é evidente quando encontramos algo na bolsa, como um chocolate ou um sanduíche, e o primeiro pensamento é: "Com quem eu poderia repartir?" Essa é a essência de uma vida no Espírito: amar, servir e adorar, traduzindo nossa fé em ações que refletem o coração de Deus.

Deus abençoe sua casa, sua vida e sua família!

Magda Lima 
Abba Church Marlboro 

(texto adaptado da ministração do Pr. Benhour Lopes, Quarta, 15 de maio de 2024)